Arte e geometria no Renascimento
O sonho de Constantino, c. 1460
Os artistas medievais não tiveram em conta a luminosidade. As suas figuras planas não projectavam sombras.
Masaccio foi um pioneiro a este respeito [...]. Mas nenhum viu as imensas possibilidades deste aspecto tão claramente como Piero della Francesca. Nesta pintura, a luz não só ajuda a modelar a forma das figuras
como é de igual valor para a perspectiva, ao dar a ilusão de profundidade. O soldado perfila-se como uma sombria silhueta em frente da brilhante iluminação da tenda. Sentimos a distância que separa os soldados do degrau onde está sentado o guarda, cuja figura , por sua vez, sobressai devido ao feixe de luz que emana do anjo.
Somos levados a sentir a curvatura da tenda e o espaço que ela encobre tanto por causa da luz como pela utilização da perspectiva linear. Mas Piero usa a luz e a sombra para levar a cabo um ainda maior milagre,
criando a misteriosa atmosfera desta cena na profundeza da noite, quando o Imperador
teve a visão que viria a mudar o decurso da história.
E. H. Gombrich. The Story of Art
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